Chuvas Já Causam Quebra De 10% Na Safra Regional

O grande período de chuvas no Estado do Paraná e na Região dos Campos Gerais poderá trazer reflexos negativos para a produtividade da soja. Nesse período de alguns dias sem umidade, no sábado e desde segunda, agricultores da região aceleraram o plantio da soja, já que parte dos produtores rurais sequer conseguiu concluir esta fase, que deveria ser terminada em novembro. Quem conseguiu plantar, sofre com o controle de pragas e doenças, e a planta não está se desenvolvendo da forma adequada. Em novembro, segundo informações do Núcleo Regional do Departamento de Economia Rural (Deral), choveu próximo de 300 milímetros na região, ante os 125 milímetros esperados pela média.

“Estamos vendo que já passou a nossa janela ideal para o plantio da soja e as plantadas estão sofrendo muito, a planta não está crescendo. Sem o sol, não está com potencial: se deveria estar com 20 centímetros, está com 12. E, na hora produzir flor, vai acabar crendo, ao invés de jogar flor”, declara Edilson Gorte, vice-presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais. Ele, que também é produtor rural, afirma que ainda não concluiu o plantio e que, ainda na terça, as máquinas estavam com dificuldade em circular pelo campo para fazer a pulverização. A janela ideal de plantio, segundo ele, se encerra dia 30 de novembro.

O Secretário Municipal de Agricultura e Pecuária de Ponta Grossa, Gustavo Ribas Netto, que também é presidente do Sindicato Rural do município, relata que a maior dificuldade para quem já plantou é o controle das doenças e pragas, pela dificuldade na aplicação de fungicidas. “As pulverizações têm época para serem feitas. Com esse clima não tem nem como fazer, e isso vai em nível do estado inteiro. Porque o clima com muita umidade favorece fungos e o fungo não espera; toma conta”, completa. Os custos de produção aumentam, também, porque mais sementes devem ser plantadas e, em alguns casos, há a necessidade do replantio. Ribas Netto também relata que não conseguiu plantar toda a soja prevista, diz que alterou a programação para trocar a soja por feijão em uma parte da propriedade e que uma pequena área ficará sem nada plantado. Com a perda em produtividade, ele estima que pode haver uma baixa de 10% na produção na região.

O Simepar emitiu, ontem, alerta de tempestade para esta quinta em todo o estado, o que deverá comprometer, novamente, a agricultura. “Se continuar o chovendo é logico que vai causar transtorno e queda na produtividade. Mas não vamos sofrer por antecipação”, ressalta Luiz Alberto Vantroba, economista do Deral na região.

Cultura
Cultivo de milho é favorecido com o clima úmido
Se as chuvas não favorecem a soja, que precisa de bastante sol para se desenvolver, o mesmo não pode ser dito do Milho. Como a planta se desenvolver bem com clima mais ameno, não deve haver perdas com este cultivo. “O milho também precisa do sol, mas gosta um pouco de frio. O milho se guarda e, na hora do dia, libera a energia. Milho tá muito bonito, mas ninguém acreditou no milho; a maior área plantada é de soja”, destaca Gorte.

*Reportagem do Portal aRede