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domingo, 3 de outubro de 2010

Chefão italiano Joanir Zonta

imageJoanir acende um cigarro em seu escritório. Da tragada demorada ao olhar desconfiado, tudo faz lembrar um chefão italiano. Nessa cena, o protagonista da história está no auge da sua experiência e controle do seu negócio: a rede de supermercados Condor.

Neto de imigrantes italianos, Pedro Joanir Zonta, 59 anos, tem mais que apenas o estilo italiano de ser. Mantém seu português de imigrante intacto e não esconde a profunda relação que tem com o bairro onde nasceu, cresceu e voltou para viver como bom filho pródigo: o Umbará. Foi nessa região que, desde pequeno, ajudou o pai e os irmãos no matadouro de porcos, depois no caminhão que transportava areia, na olaria, e de volta no matadouro. Todas foram tentativas frustradas de melhorar a situação financeira da família. Mas foi às margens da Avenida Winston Churchill, no Pinhei­rinho, que sua história começou a mudar. image

Joanir tinha 22 anos quando descobriu para que havia nascido. Depois que o matadouro foi fechado por uma inspeção federal, ele precisava encontrar rapidamente uma forma de manter a família. Decidiu, então, comprar um supermercado pequeno, apesar de nunca ter feito uma compra sozinho. Juntou dinheiro emprestando do irmão e do pai e tomou a decisão que mudaria sua vida. Quando contou a ideia para sua então mulher, ouviu:

– Como é que você vai fazer esse negócio se não conhece nada de supermercado?

– Em 90 dias, essa loja vai estar inteirinha na minha cabeça, afirmou o mais novo proprietário de um comércio varejista em 1974.

Seu Joanir, astuto com as ideias, sabia que precisava aprender muito. Por isso, no acordo de venda es­­tava especificado que o antigo do­­no iria ensinar o funcionamento do negócio. Além disso, Joanir, depois do expediente no Condor, visitava outros mercados para ver o que tinham de diferente do seu.

Foi assim que conseguiu, em um mês, dobrar o faturamento da loja e aumentar o número de funcionários. Um ano depois realizou seu primeiro grande sonho: construir o supermercado e sua casa em um terreno próprio. “Meu primeiro objetivo era dar condições de sobrevivência para meus filhos”, lembra seu Joanir, com o rosto sé­­rio, como séria era a vida naquela época.

A primeira loja era em um prédio de dois andares e subsolo. Ali família e mercado se misturavam. Na época, seu Joanir, os três filhos pequenos e a mulher moravam no andar superior do prédio onde fi­­cava o mercado, e dividiam o espaço com parte do estoque. “A lavanderia era meu escritório”, ri Joanir, enquanto lembra com gosto de uma época já distante.

Depois de muitas compras, decisões acertadas, altos e baixos na economia, hoje Joanir comemora os bons números: são 29 lojas em todo o Paraná, 6,8 mil funcionários atendendo uma média de 2 milhões de pessoas por mês e uma receita prevista para 2010 de R$ 1,7 bilhão.

Mas não é preciso tanta convivência para saber que esse empresário continua simples como na época de açougueiro do Umbará – com a diferença de que agora po­­de se dar ao luxo de comprar o que antes era apenas sonho, como a pequena coleção de carros antigos. A caminhonete Ford (1950) é do mesmo modelo que seu pai ti­­nha, quando ainda batalhavam pe­­la sobrevivência. “Mas quem di­­rigia era eu”, conta. Em meio a es­­sas memórias automotivas, seu Joa­­nir é o chefão que se diverte com os detalhes técnicos dos carros e que abre um sorriso a cada recordação.

De volta ao escritório

Desde o primeiro mercado o escritório sempre esteve junto a alguma loja. Hoje, é um pequeno universo paralelo sobre o Condor do Pinheirinho – uma sala espaçosa que contém uma mesa para trabalho e outra, maior, para reuniões com fornecedores e convidados. Ainda há um lugar secreto para repouso e almoços com os filhos – que agora trabalham com ele.

Um ambiente familiar que o chefão amplia para os funcionários mais próximos – todos com muitos anos de casa. Wanclei Said, um intelectual dos negócios, é um desses privilegiados: tem dez anos de casa e outros 22 de trabalho indireto com seu Joanir. Ele chegou ao Condor em um momento decisivo: a vinda das grandes redes ao comércio varejista do Paraná.

Enquanto todos vendiam seus negócios para as redes internacionais, Joanir apostava em outro caminho: “Ele me convidou com um objetivo – precisava de pessoas que o ajudassem a crescer”, conta o funcionário e amigo. A chegada de Wanclei ao Condor trouxe uma nova possibilidade para Joanir. “Quando ele tirou o peso da operação dos seus ombros, sobrou espaço para ter a visão focada na parte administrativa do negócio.”

Wanclei também gosta de pensar no papel político que Joanir pos­­sui, ocupando as funções de presidente da Associação Parana­ense de Supermercados (Apras) e vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) – cargos que hoje são exercidos com a naturalidade conquistada com o tempo. Wanclei conta que, antes, Joanir era um pouco resistente a esses eventos políticos, mas hoje ele mesmo brinca: “Fica tudo mais fácil quando você percebe que todos aqueles empresários são gente como a gente.”

Mas trabalhar com seu Joanir não é como trabalhar com qualquer outro empresário. “Ele tem uma inteligência dele. É muito es­­perto, dá um banho na gente. En­­quanto eu pego a calculadora HP, ele já fez tudo de cabeça. Na simplicidade dele, sabe identificar pontos estratégicos e cobrar no mo­­mento certo, coisa que aprendeu na prática.” E continua: “Essa habilidade dificilmente os empresários possuem. A capacidade de de­­legar e saber cobrar. E tem hora que ele exige como se cobrasse de um filho. Nessas horas a coisa pesa mais um pouquinho. Porque ele faz a gente se sentir como se fosse da família.” Filhos de “um pai rígido, que gosta das coisas corretas”, co­­mo disse o filho caçula e piloto au­­to­mo­bilístico Ricardo Zonta, 34 anos.

A sucessão

Mesmo sem pensar em aposentadoria, Joanir Zonta começa a arquitetar como enfrentará a sucessão. “Ele está preparando o caminho. Trouxe a família para a empresa e está ensinando tudo”, conta Wanclei Said, que assiste e participa dessa transição gradual. Cada um dos três filhos – Ricardo, Andréia e Sandra – trabalha em uma área diferente da empresa. “Acho que aos outros eles vão obedecer melhor. Pai é pai. Com um profissional vão aprender mais do que comigo”, conta Joanir, talvez por receio do pouco tempo de estudo convencional que teve na vida.

O que conquistou, ele mesmo define como uma obra. “Eu comecei pequenininho e nem imaginava aonde iria chegar – nem imagino aonde vamos chegar. Para o futuro, o que mais quero é que a família goste da empresa e que dê sequência ao trabalho.”

Veja a matéria na integra aqui

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